A Residência Diálogos propôs a experimentação dos ecolabs a partir de práticas autorais de criação artística, e de práticas pedagógicas em arte educação, promovendo processos que aproximam e estabelecem diálogos entre a arte, o ambiente e diferentes grupos de pessoas, incluindo grupos de alunos e pessoas pertencentes à aldeia de Vilar de Amargo. As artistas Rita de Almeida Leite e Yasmine Moradalizadeh, realizaram um trabalho colaborativo artístico a par de diversas atividades oficinais com grupos e com comunidades, experimentando o laboratório portátil e outros objetos e técnicas desenvolvidas no projeto.Assim, os ecolabs foram testados e exploradas técnicas de registo e revelação ecológicas, como a utilização de pinhole, quimigramas e caffenol, de forma artística, colaborativa e participativa.
O eixo artístico-educativo compreendeu, não só a definição das condições particulares que
enquadraram a prototipagem dos ecobjects e do ecolab, como contextualizou o campo da sua experimentação posterior, marcado pela ligação sensível e visual aos elementos naturais, ao acaso e ao erro e às manifestações participativas e colaborativas de diferentes pessoas que se foram relacionando com o projeto.
lugares
Casa da Imagem
A abordagem de Preto, Branco, Verde à fotografia permitiu uma experiência diferente em relação à produção fotográfica tradicional. Essa nova prática advém dos dispositivos e materiais utilizados: a câmara pinhole, o Ecolab, o caffenol e as matérias orgânicas, a par dos processos de criação das imagens, onde o isolamento do trabalho fotográfico de laboratório se faz substituir pela colaboração entre artistas, pelo encontro com diversos grupos e pela partilha dos processos. Por intermédio de processos de criação, de experimentação e de mediação, desenvolveram-se práticas artísticas que proporcionaram a realização de uma proposta expositiva e de atividades fotográficas oficinais.
Para potencializar o laboratório portátil e incorporar a prática artística pessoal, a equipa artística desenvolveu três tipos de atividades criativas didático colaborativas: quimigramas, fotogramas e oficinas de retratos pinhole. Por meio dessas atividades, foram testados e aperfeiçoados o Ecolab, os ecobjets e a química ecológica para a realização das atividades, considerando o contexto de experimentação e as pessoas envolvidas.
Escola EB 2/3 de Miragaia
A Escola EB2/3 de Miragaia, sob a orientação da Professora Irene Loureiro e de um grupo de alunos do 9º ano (entre os 13 e os 14 anos), foi o primeiro grupo que participou neste projeto. Foram propostas três sessões didático-experimentais que decorreram ao longo de duas semanas.
Foram realizadas oficinas de pinhole e fotogramas. Para esta oficina foram utilizadas as câmaras pinhole desenvolvidas por Tiago Pinho (impressas em 3D no âmbito do projeto Bioimagens) e pelo Ecolab. As fotografias foram tiradas no jardim contíguo à Escola, o Jardim das Virtudes, e reveladas no exterior, utilizando o Ecolab. Paralelamente, foram realizados fotogramas no laboratório fotográfico da Escola.
Na sessão final, divididos em pequenos grupos, os estudantes realizaram quimigramas, uma técnica fotossensível que explora a interação de diferentes matérias com o papel sensibilizado, de forma plástica, fazendo uso de uma paleta cromática que se revela na utilização alterada da química de revelação.
Os estudantes identificaram-se com as diversas técnicas exploradas durante as atividades, enfatizando o processo de criação de uma imagem luminosa a partir de uma caixa (pinhole), a formação de imagens latentes, o processo de desenvolvimento e a liberdade expressiva oferecida pelos quimigramas. Além disso, discutiram o não imediatismo das fotografias em comparação com as imagens digitais. Esta diferença no tempo das imagens foi um fator de surpresa apreciado. Considera-se que todas estas técnicas permitiram expandir o campo de perceção daquilo que pode ser considerado uma fotografia.
Associação de Desenvolvimento Local Terras do Lagarto
A residência Diálogos teve uma segunda etapa mediada pela Associação de Desenvolvimento Local Terras do Lagarto, sediada em Vilar de Amargo, através de uma das suas fundadoras, a Marlene Lebreiro. Em Vilar de Amargo, as artistas Rita de Almeida Leite e a Yasmine Moradalizadeh, iniciaram os registos do seu projeto autoral colaborativo e, com a Casa da Imagem, realizaram um conjunto de retratos de diversas pessoas de Vilar de Amargo usando câmaras pinhole e um laboratório fotográfico improvisado.
O início da Residência foi marcado pela vivência de diferentes lugares da Vila, campos arados, bebedouros públicos para animais e o chafariz da aldeia serviram de palco para a interação performativa de materiais, com suportes fotográficos.
A permanência na aldeia durante dois dias foi coincidente com festividades locais, o que permitiu envolver pessoas da comunidade, que compareceram à festa de domingo, numa atividade de registo de retrato fotográfico com câmaras pinhole.
Cultureghem Festival
O evento cultural Cultureghem Festival, contou com a Residência Ecolab “Origami photolab”, durante a qual foi construído e experimentado um ecolab e com uma oficina de quimigramas integrada nas atividades ketmet, um parque de brincadeiras, e a dreamkitchen, uma cozinha ao ar livre no mercado Abattoir. Com restos orgânicos da confeção colaborativa do almoço, tingiram-se e sombrearam-se as folhas. Com as impressões, tingimentos, viragens e múltiplas reações químicas do papel fotossensível, ações e interferência provocaram reações e imagens-corpo foram criadas.
Casa dos Cubos – Centro de Estudos em Fotografia do Instituto Politécnico de Tomar
Integrada na 4ª Semana de Fotografia de Tomar, foi realizada a oficina de quimigramas do lado de fora do laboratório de fotografia analógica da Casa dos Cubos, com público adulto e proveniente de diversos contextos. Foi proposta a exploração de técnicas e recursos da fotografia como modo expressivo de pintar com a luz e a matéria.